"No dia 12 de abril de 1959, em Brasília, Núcleo Bandeirante, Capital da República do Brasil, Seta Branca, nosso Mentor e Guia espiritual, nos convida a formar um grupo de trabalhos de caridade cristã; terá uma grande responsabilidade diante de Deus. E está designado para produzir fenômenos, que servirá para abrir os olhos dos que não querem ver nem ouvir as palavras do Pai.
Tomando nossas mãos com amor e carinho de pai amoroso, Seta Branca, depois de dar todas as explicações das responsabilidades que iríamos assumir diante da Espiritualidade Maior, convida-nos a meditar sobre os compromissos assumidos que se prestaria naquele momento, declarando-nos que ficariam registrados nos livros divinos.
Todos, sem hesitação, colocando a mão direita sobre a de nosso Mentor, que se comunicava no aparelho mediúnico de nossa dileta irmã Neiva Chaves Zelaya, fizemos o juramento, dizendo-nos o nosso amado Chefe palavras de alta espiritualidade e imenso amor.
Naquele momento estava constituído o Grupo da União Espiritualista Seta Branca,
nome ditado pela Yara.”
(Anotado em diário de Tia Neiva)“Recebemos, eu e meu companheiro Getúlio, ordem espiritual para virmos aqui morar e junto a nós veio um bom servidor de Deus - Antônio, o Carpinteiro, como o chamavam os espíritos.
Meu companheiro, Getúlio da Gama Wolney, e Antônio começaram a trabalhar desesperadamente nas construções de prédios de madeira para morarmos, enquanto eu, Gilberto, Raul, Carmem Lúcia e Vera Lúcia, saíamos em busca do ganho material: com um pequeno veículo vendíamos, em Brasília, roupas feitas e bijuterias, e só mesmo com a proteção de Deus fazíamos boas vendas e todos os dias, ao finar o dia, eu e meus filhos nos reuníamos e repartíamos o dinheiro. Metade era para comprar gêneros alimentícios, e com a outra metade comprávamos gasolina e tecidos, para que eu e Wilma - a esposa do Antônio Carpinteiro - os transformasse em saias de senhoras, enfim, roupas feitas. Trabalhávamos à noite e seguíamos no outro dia, depois de um almoço cedo. Como todos sabem, o pouco com Deus é muito!
Em poucas horas, coisa mesmo de admirar, lá vínhamos eu e meus filhos, no mesmo regime do dia. E assim passaram os dias, os meses. A caridade já me tomava parte do ganho material.
E os visitantes! Já podia contar 20 ou 30 pessoas nos domingos, para almoços e jantares que eu me via obrigada a servir, pois os mesmos se acomodavam em minha casa.
Meus Deus - pensei muito -, será possível que só escolhestes avarentos e acusadores? Que Deus me perdoe por meus instantes de dor, quando me faltava a compreensão ante aqueles exploradores! Comecei a sentir desprezo pela vida material. Eles estragavam sempre os meus planos. Quantas vezes eles chegavam e, na minha própria casa, ali comodamente, começavam a discutir, recriminando tudo o que, com sacrifício, fazíamos eu e meu companheiro.
Nada dizíamos. Era mesmo horrível. Eu olhava ao redor e via, na verdade, material para construirmos. Porém, via também que os trabalhadores precisavam comer. Alguém teria que sustentá-los.
Fui então vendo todo o sofrimento dos meus filhos e do meu companheiro Getúlio. Já sem entusiasmo, continuava eu. A caridade se alastrava, com bela emanação, aos que não a conheciam. A luz da Verdade começava a reluzir nas iniciais que comandava aquela terra sagrada - UESB!
Enquanto lutávamos para o nosso infeliz sustento e grandeza da obra, outros se reuniam até mesmo na minha casa, e ali ficavam a ofender nossa Irmã Neném (Diretora Espiritual), que também os sustentava, sem qualquer ajuda que não fosse lançada em meu rosto ou alegada por toda parte. É muito fácil oferecer alguns quilos em gêneros alimentícios. Porém, oferecer o próprio sustento dos filhos, tirando-lhes a metade do que lhes é justo, e, em amor do Cristo, oferecer a quem pensamos ser um estranho, não é fácil!... E eu o fiz!Carmem Lúcia, minha filha de 15 anos; Gertrudes, minha filha adotiva; Marly, filha de nossa querida Diretora Irmã Neném, uma linda jovem bacharela; todas eu incentivava ao trabalho na cozinha para os doentes. Muitas vezes sentia medo que elas se envaidecessem com os elogios dos visitantes.
Certo dia, após uma de minhas incorporações, recebi da Diretora uma ordem que teria sido dada pelo espírito secretário do nosso Pai Espiritual Seta Branca, espírito este a razão porque ali vivíamos assim, e que teria dito que eu e meu irmão Jair teríamos que entregar nossos veículos em troca de um possante motor gerador de força elétrica.
Não titubeamos e, assim, eu e meu bom irmão, que foi para mim uma força ajudadora, entregamos os nossos tão úteis carros. Começou, então, a piorar a minha situação material.
Senti que devia preparar-me para receber as avalanches...
A essa altura, já tinha ido residir ali.
Eram horríveis os nossos primitivos cobradores! Todos se revoltavam... Todos começaram a vibrar a inquietude da revolta íntima. Muitas vezes desencadeavam-se discussões e conheci o ódio nos corações de alguns!...
Ante toda aquela incompreensão, quem mais sofria era eu. Tudo se desencadeava sobre mim. Na verdade, além de todas as torturas que pensam sentir os pobres sem compreensão que desejam servir a Deus, sentia eu também a rebeldia de não gostar de morar no mato, da falta de conforto material, da mudança de profissão, de ver meus filhos arrancados do estudo... Tudo era tortura para mim e para meu companheiro.
E pelo mesmo trilheiro passava a Irmã Neném com seus filhos. Todos víamos chegar, batendo às nossas portas, nossos velhos credores do passado, cobrando ceitil por ceitil. E assim pagávamos, mesmo sem as forças necessárias ao bom trabalhador de Cristo.
O tempo passava e eu sempre com o ideal de vencer. Continuava no mesmo comércio, porém agora em dias alternados, pois a caridade não me dava tempo.
Chegavam pessoas de todos os lugares, com enfermidades para ali serem curadas, e Deus me dava forças nesta Terra, fazendo eu as mais perfeitas curas.
Devido a essa enchente de pessoas, estabeleci uma taxa a ser paga pelas pessoas que fizessem refeições no bendito abrigo - que chamávamos de hotel -, taxa esta de quarenta mil cruzeiros por diária. Na verdade, a maioria era indigente...”
(Tia Neiva, 3.11.59)
“A caminho da evolução, é como se não nos bastassem nossos carmas...
Estamos, sempre, a nos servir dos exemplos alheios. Resolvi, portanto, fazer esta pequena agenda, do Espírito a Caminho de Deus. Em 1959, eu fui, a mando de meus Mentores espirituais, para um retiro que, mais tarde, veio a ser conhecido como União Espiritualista Seta Branca. Ali vivi por cinco longos anos, à mercê das terríveis provas do meu tenebroso carma. Recebi as mais preciosas lições. Como médium equipada das principais mediunidades, tenho a consciência tranquila de que executei perfeitamente minha árdua missão. Cinco anos vividos: lindos fatos, tristes dramas, passagens drásticas, fenômenos vívidos, romances sentimentais... Graças a Deus, nestes cinco anos só nos foi poupado a tragédia de uma desgraça. Eu, como médium principal - ou profetisa - e mais cento e poucos irmãos que, segundo comunicação de nossos Mentores, estivemos em reajustes por pertencermos a uma tribo de ciganos, desencarnados por volta de 1500, na região da Rússia. Ficou esclarecido, também, que tivemos outras reencarnações posteriores. O fato é que esta tribo tradicional desses ciganos foi se identificando e se reajustando entre si. O fato mais original destes ciganos era a compreensão e o amor que, apesar das grandes dívidas, eram perfeitos. Vivíamos calmamente em total retiro espiritual. Os fenômenos eram identificados com todo o amor. Operávamos centenas de curas todos os dias, até que chegou o inevitável: o ataque das correntes negativas, dos grandes senhores dos Vales Negros. Abriram-se as portas do Vale das Sombras e, em seguida, as do Vale Verde.
Era um desafiar sem fim.
Forças tenebrosas invadiam todos nós, trazendo desconforto total.
Nossos Mentores espirituais do Grande Oriente trabalhavam intensamente para nos protegerem. Pai Seta Branca, com seu grande amor e com a confiança em minha clarividência ouvinte, formou um quadro no sentido de que a União Espiritualista Seta Branca fosse um espelho vivo e sua fortaleza de Luz, para que pudessem renascer no Bem aqueles espíritos dos Vales Negros.
Lembro-me de que um dia (30.11.61) o General, nosso poeta, escreveu e minha filha Carmem Lúcia recitou: “Tu, minha UESB querida/ És pequena e original/ Como a aurora abate as trevas/ Resplandece tudo igual/ Distribui a Natureza/ Luz direta do Astral.”
Era tal a confiança dos nossos mentores ao nos ver realizar tão lindos trabalhos e, com tanta eficiência, que basearam-se na mesma, sentindo assim a grande chance dos ciganos se enriquecerem na rica doutrina para a destruição dos vales negros.
Qual nada! Tal foram suas decepções! Pobres de nós outros, ciganos cheios de carmas, desejos e requisições profanas. Longe estávamos da humildade, além de nossas mediunidades.
E, assim, a terra de Deus foi destruída. Assim foi que começou a queda de nossa missão. Alguns ciganos começaram a desrespeitar, não aceitando as Leis do Céu, trazidas pelo Pai Seta Branca.
Falava-se, agora, na melhoria material, verbas do governo. Finalmente, um contra o outro. Sem mais nem menos, surgiam discussões calorosas de fazer medo.
Vendo que as coisas tomavam, agora, rumos diferentes à nossa missão, comecei a me preocupar.
Na minha posição de clarividente, via a possibilidade de sermos tomados por aquela força negra. Comecei a me acautelar, porém de nada valeu, pois a presidente foi tomada. Então, começou a ver em mim a razão de toda aquela pobreza. Começou a fazer pressão para que eu saísse. Até que eu, não suportando, pedi ao Pai e ele, sem nada poder fazer, mandou-me para Brasília.
Foi o grande choque para mim. Levantou-se toda a irmandade. Seguiram-me noventa e sete órfãos. Fui obrigada a trazê-los e acabar de criá-los. (Tia Neiva, 23.8.66)
“Vivíamos na mais perfeita compreensão eu, Mãe Neném e os outros.
Cinco anos de trabalho, dia e noite!Estávamos afiados nas coisas do Céu; compreendíamos os mínimos detalhes das forças benditas do Oriente Maior. Hasteamos a Bandeira Rósea do Amor de Nosso Senhor Jesus Cristo na União Espiritualista Seta Branca.
Tudo nos era maravilhoso, desde que meus olhos de clarividente avistassem a Luz. Eu e Mãe Neném resolvíamos os mais tenebrosos quadros e não tínhamos tempo para pensar. Éramos duas e, apesar de sua intransigência benfeitora, eu, que era considerada desordeira, a obedecia e tudo se passava na santa Paz de Deus, sendo o mais importante seguir o regulamento de Pai Seta Branca.
Porém, deu-se o inevitável na decorrência de nossas vidas ligadas a passagens cármicas, reencarnações desastrosas, já que estávamos ali para os nossos últimos reajustes.
Após cinco anos, chegávamos ao vestibular para uma nova Iniciação!
Vimos como se fôssemos um suntuoso bolo de festa o qual as pessoas mal educadas devoravam, contra o gosto do dono da casa, que nada podia fazer. E não nos foi possível passar no vestibular para a nova Iniciação. Cobradores trazidos por nossos filiados e correntes negativas se infiltraram no nosso povo, naquela terra, e nos assediaram com violência brutal. Não nos foram dadas condições para reagir e, assim, tumultuados nossas mentes e nossos corações, não sabendo mais em quem acreditar, viramos nossas armas contra nós mesmos e destruímos tudo o que era de mais belo: a União Espiritualista Seta Branca, no dia 9 de fevereiro de 1964!” (Tia Neiva, s/d)
Tomando nossas mãos com amor e carinho de pai amoroso, Seta Branca, depois de dar todas as explicações das responsabilidades que iríamos assumir diante da Espiritualidade Maior, convida-nos a meditar sobre os compromissos assumidos que se prestaria naquele momento, declarando-nos que ficariam registrados nos livros divinos.
Todos, sem hesitação, colocando a mão direita sobre a de nosso Mentor, que se comunicava no aparelho mediúnico de nossa dileta irmã Neiva Chaves Zelaya, fizemos o juramento, dizendo-nos o nosso amado Chefe palavras de alta espiritualidade e imenso amor.
Naquele momento estava constituído o Grupo da União Espiritualista Seta Branca,
nome ditado pela Yara.”
(Anotado em diário de Tia Neiva)“Recebemos, eu e meu companheiro Getúlio, ordem espiritual para virmos aqui morar e junto a nós veio um bom servidor de Deus - Antônio, o Carpinteiro, como o chamavam os espíritos.
Meu companheiro, Getúlio da Gama Wolney, e Antônio começaram a trabalhar desesperadamente nas construções de prédios de madeira para morarmos, enquanto eu, Gilberto, Raul, Carmem Lúcia e Vera Lúcia, saíamos em busca do ganho material: com um pequeno veículo vendíamos, em Brasília, roupas feitas e bijuterias, e só mesmo com a proteção de Deus fazíamos boas vendas e todos os dias, ao finar o dia, eu e meus filhos nos reuníamos e repartíamos o dinheiro. Metade era para comprar gêneros alimentícios, e com a outra metade comprávamos gasolina e tecidos, para que eu e Wilma - a esposa do Antônio Carpinteiro - os transformasse em saias de senhoras, enfim, roupas feitas. Trabalhávamos à noite e seguíamos no outro dia, depois de um almoço cedo. Como todos sabem, o pouco com Deus é muito!
Em poucas horas, coisa mesmo de admirar, lá vínhamos eu e meus filhos, no mesmo regime do dia. E assim passaram os dias, os meses. A caridade já me tomava parte do ganho material.
E os visitantes! Já podia contar 20 ou 30 pessoas nos domingos, para almoços e jantares que eu me via obrigada a servir, pois os mesmos se acomodavam em minha casa.
Meus Deus - pensei muito -, será possível que só escolhestes avarentos e acusadores? Que Deus me perdoe por meus instantes de dor, quando me faltava a compreensão ante aqueles exploradores! Comecei a sentir desprezo pela vida material. Eles estragavam sempre os meus planos. Quantas vezes eles chegavam e, na minha própria casa, ali comodamente, começavam a discutir, recriminando tudo o que, com sacrifício, fazíamos eu e meu companheiro.
Nada dizíamos. Era mesmo horrível. Eu olhava ao redor e via, na verdade, material para construirmos. Porém, via também que os trabalhadores precisavam comer. Alguém teria que sustentá-los.
Fui então vendo todo o sofrimento dos meus filhos e do meu companheiro Getúlio. Já sem entusiasmo, continuava eu. A caridade se alastrava, com bela emanação, aos que não a conheciam. A luz da Verdade começava a reluzir nas iniciais que comandava aquela terra sagrada - UESB!
Enquanto lutávamos para o nosso infeliz sustento e grandeza da obra, outros se reuniam até mesmo na minha casa, e ali ficavam a ofender nossa Irmã Neném (Diretora Espiritual), que também os sustentava, sem qualquer ajuda que não fosse lançada em meu rosto ou alegada por toda parte. É muito fácil oferecer alguns quilos em gêneros alimentícios. Porém, oferecer o próprio sustento dos filhos, tirando-lhes a metade do que lhes é justo, e, em amor do Cristo, oferecer a quem pensamos ser um estranho, não é fácil!... E eu o fiz!Carmem Lúcia, minha filha de 15 anos; Gertrudes, minha filha adotiva; Marly, filha de nossa querida Diretora Irmã Neném, uma linda jovem bacharela; todas eu incentivava ao trabalho na cozinha para os doentes. Muitas vezes sentia medo que elas se envaidecessem com os elogios dos visitantes.
Certo dia, após uma de minhas incorporações, recebi da Diretora uma ordem que teria sido dada pelo espírito secretário do nosso Pai Espiritual Seta Branca, espírito este a razão porque ali vivíamos assim, e que teria dito que eu e meu irmão Jair teríamos que entregar nossos veículos em troca de um possante motor gerador de força elétrica.
Não titubeamos e, assim, eu e meu bom irmão, que foi para mim uma força ajudadora, entregamos os nossos tão úteis carros. Começou, então, a piorar a minha situação material.
Senti que devia preparar-me para receber as avalanches...
A essa altura, já tinha ido residir ali.
Eram horríveis os nossos primitivos cobradores! Todos se revoltavam... Todos começaram a vibrar a inquietude da revolta íntima. Muitas vezes desencadeavam-se discussões e conheci o ódio nos corações de alguns!...
Ante toda aquela incompreensão, quem mais sofria era eu. Tudo se desencadeava sobre mim. Na verdade, além de todas as torturas que pensam sentir os pobres sem compreensão que desejam servir a Deus, sentia eu também a rebeldia de não gostar de morar no mato, da falta de conforto material, da mudança de profissão, de ver meus filhos arrancados do estudo... Tudo era tortura para mim e para meu companheiro.
E pelo mesmo trilheiro passava a Irmã Neném com seus filhos. Todos víamos chegar, batendo às nossas portas, nossos velhos credores do passado, cobrando ceitil por ceitil. E assim pagávamos, mesmo sem as forças necessárias ao bom trabalhador de Cristo.
O tempo passava e eu sempre com o ideal de vencer. Continuava no mesmo comércio, porém agora em dias alternados, pois a caridade não me dava tempo.
Chegavam pessoas de todos os lugares, com enfermidades para ali serem curadas, e Deus me dava forças nesta Terra, fazendo eu as mais perfeitas curas.
Devido a essa enchente de pessoas, estabeleci uma taxa a ser paga pelas pessoas que fizessem refeições no bendito abrigo - que chamávamos de hotel -, taxa esta de quarenta mil cruzeiros por diária. Na verdade, a maioria era indigente...”
(Tia Neiva, 3.11.59)
“A caminho da evolução, é como se não nos bastassem nossos carmas...
Estamos, sempre, a nos servir dos exemplos alheios. Resolvi, portanto, fazer esta pequena agenda, do Espírito a Caminho de Deus. Em 1959, eu fui, a mando de meus Mentores espirituais, para um retiro que, mais tarde, veio a ser conhecido como União Espiritualista Seta Branca. Ali vivi por cinco longos anos, à mercê das terríveis provas do meu tenebroso carma. Recebi as mais preciosas lições. Como médium equipada das principais mediunidades, tenho a consciência tranquila de que executei perfeitamente minha árdua missão. Cinco anos vividos: lindos fatos, tristes dramas, passagens drásticas, fenômenos vívidos, romances sentimentais... Graças a Deus, nestes cinco anos só nos foi poupado a tragédia de uma desgraça. Eu, como médium principal - ou profetisa - e mais cento e poucos irmãos que, segundo comunicação de nossos Mentores, estivemos em reajustes por pertencermos a uma tribo de ciganos, desencarnados por volta de 1500, na região da Rússia. Ficou esclarecido, também, que tivemos outras reencarnações posteriores. O fato é que esta tribo tradicional desses ciganos foi se identificando e se reajustando entre si. O fato mais original destes ciganos era a compreensão e o amor que, apesar das grandes dívidas, eram perfeitos. Vivíamos calmamente em total retiro espiritual. Os fenômenos eram identificados com todo o amor. Operávamos centenas de curas todos os dias, até que chegou o inevitável: o ataque das correntes negativas, dos grandes senhores dos Vales Negros. Abriram-se as portas do Vale das Sombras e, em seguida, as do Vale Verde.
Era um desafiar sem fim.
Forças tenebrosas invadiam todos nós, trazendo desconforto total.
Nossos Mentores espirituais do Grande Oriente trabalhavam intensamente para nos protegerem. Pai Seta Branca, com seu grande amor e com a confiança em minha clarividência ouvinte, formou um quadro no sentido de que a União Espiritualista Seta Branca fosse um espelho vivo e sua fortaleza de Luz, para que pudessem renascer no Bem aqueles espíritos dos Vales Negros.
Lembro-me de que um dia (30.11.61) o General, nosso poeta, escreveu e minha filha Carmem Lúcia recitou: “Tu, minha UESB querida/ És pequena e original/ Como a aurora abate as trevas/ Resplandece tudo igual/ Distribui a Natureza/ Luz direta do Astral.”
Era tal a confiança dos nossos mentores ao nos ver realizar tão lindos trabalhos e, com tanta eficiência, que basearam-se na mesma, sentindo assim a grande chance dos ciganos se enriquecerem na rica doutrina para a destruição dos vales negros.
Qual nada! Tal foram suas decepções! Pobres de nós outros, ciganos cheios de carmas, desejos e requisições profanas. Longe estávamos da humildade, além de nossas mediunidades.
E, assim, a terra de Deus foi destruída. Assim foi que começou a queda de nossa missão. Alguns ciganos começaram a desrespeitar, não aceitando as Leis do Céu, trazidas pelo Pai Seta Branca.
Falava-se, agora, na melhoria material, verbas do governo. Finalmente, um contra o outro. Sem mais nem menos, surgiam discussões calorosas de fazer medo.
Vendo que as coisas tomavam, agora, rumos diferentes à nossa missão, comecei a me preocupar.
Na minha posição de clarividente, via a possibilidade de sermos tomados por aquela força negra. Comecei a me acautelar, porém de nada valeu, pois a presidente foi tomada. Então, começou a ver em mim a razão de toda aquela pobreza. Começou a fazer pressão para que eu saísse. Até que eu, não suportando, pedi ao Pai e ele, sem nada poder fazer, mandou-me para Brasília.
Foi o grande choque para mim. Levantou-se toda a irmandade. Seguiram-me noventa e sete órfãos. Fui obrigada a trazê-los e acabar de criá-los. (Tia Neiva, 23.8.66)
“Vivíamos na mais perfeita compreensão eu, Mãe Neném e os outros.
Cinco anos de trabalho, dia e noite!Estávamos afiados nas coisas do Céu; compreendíamos os mínimos detalhes das forças benditas do Oriente Maior. Hasteamos a Bandeira Rósea do Amor de Nosso Senhor Jesus Cristo na União Espiritualista Seta Branca.
Tudo nos era maravilhoso, desde que meus olhos de clarividente avistassem a Luz. Eu e Mãe Neném resolvíamos os mais tenebrosos quadros e não tínhamos tempo para pensar. Éramos duas e, apesar de sua intransigência benfeitora, eu, que era considerada desordeira, a obedecia e tudo se passava na santa Paz de Deus, sendo o mais importante seguir o regulamento de Pai Seta Branca.
Porém, deu-se o inevitável na decorrência de nossas vidas ligadas a passagens cármicas, reencarnações desastrosas, já que estávamos ali para os nossos últimos reajustes.
Após cinco anos, chegávamos ao vestibular para uma nova Iniciação!
Vimos como se fôssemos um suntuoso bolo de festa o qual as pessoas mal educadas devoravam, contra o gosto do dono da casa, que nada podia fazer. E não nos foi possível passar no vestibular para a nova Iniciação. Cobradores trazidos por nossos filiados e correntes negativas se infiltraram no nosso povo, naquela terra, e nos assediaram com violência brutal. Não nos foram dadas condições para reagir e, assim, tumultuados nossas mentes e nossos corações, não sabendo mais em quem acreditar, viramos nossas armas contra nós mesmos e destruímos tudo o que era de mais belo: a União Espiritualista Seta Branca, no dia 9 de fevereiro de 1964!” (Tia Neiva, s/d)
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