A história de Eliete (Sob os Olhos da Clarividente - Mário Sassi, Páginas 145 a 149). Atenção para o termo "rapaz estroina": Significa um rapaz pervertido, sem juízo. Em Tempo: Esta publicação está também no blog da amiga Jurema (http://ciganaaganara.blogspot.com.br/)
Eliete chegou ao Vale do Amanhecer numa garupa de uma "Honda", de 350 cilindradas, e com um barulho ensurdecedor. Calça rancheira, cabelos mal cuidados e blusa decotada. Trazia no rosto jovem a marca da velhice precoce. Na dureza dos olhos guardava a indiferença gerada pelo uso de narcóticos e, na face , a marca das intempéries. Foi recebida com o mesmo carinho dedicado ao pseudo" hippies" e de pronto se tornou parte integrante do nosso cotidiano. Sempre com um mesmo sorriso de indiferença e sempre cortês, jamais reclamou ou fez qualquer ato que a tornasse menos simpática. Produzia, porém, em todos nós um sentimento de tristeza e abandono. Estar perto de Eliete era como estar próximo de um abismo, de coisas sem fim, nem princípio.
Nascera no Rio de Janeiro, de um casal jovem e feliz. Antes dela o casal tivera um menino. A menina, loira e bonita era como um ornamento na vivência daquele casal, tipicamente carioca, de padrão econômico relativamente estável e vida descuidada e superficial.
Trabalho, amigos, praia e o carro do último ano eram as preocupações maiores. Eliete cresceu, assim, descuidada, sem maiores problemas, alimentada em seu incipiente intelecto pelas histórias em quadrinhos, a escolaridade fácil e a preocupação em manter-se nas ondas jovens das praias cariocas. Nenhum cuidado tirava o bom-humor constante da família.
No Plano Astral, porém, os mentores se movimentavam em torno daquela família. A vida despreocupada os levaria ao estacionamento, à estagnação espiritual, e, ao não cumprimento de suas obrigações espirituais. Eliete tinha a missão de trazer àquela família a mão de Deus. Como missionária, fora escolhida para sacudir a situação aparentemente estável, e teve início, então, o mau gosto na vida deles. Delegacias, hospitais, escândalos e toda gama de dores trazidas pela existência do submundo entraram pela porta adentro daquele lar.
Aos 14 anos, Eliete começou a trazer os primeiros problemas: por seu intermédio, o passado transcendental começou sua cobrança naquele lar despreparado para coisas mais sérias.
Eliete conheceu Félix, rapaz estroina, e filho único de uma viúva neurótica. De pronto Félix iniciou-a no mundo dos sonhos e das drogas. O Plano espiritual começou, assim, a exercer sua ação catalizadora na faixa cármica familiar. Félix a preparava "espiritualmente' para as "viagens" onde "pintavam" os quadros fantásticos.
O lazer constantes e a ausência de problemas econômicos lhes permitiam o luxo das "pesquisas" místicas alternadas com pesquisas eróticas e Eliete tornou-se "sacerdotisa" do vício e do absurdo, e rapidamente o seu comportamento começou a atingir a tranquilidade do casal.
Pouco afeitos às lutas psicológicas sem nenhuma preocupação com o mundo do Espírito, sem religião ou qualquer forma coibidora o conflito se instalou rapidamente. Sem saber procurar a solução para o problema de Eliete, seus pais preocuparam-se antes na manutenção do seu "status" de devaneio e despreocupação. A própria Eliete achou a solução: foi morar na companhia de Fèlix e sua mãe, passando viver cotidianamente num mundo de depravação repugnante. Nesse ínterim, a vida de seus pais entrou em franca decomposição. Embora se amassem, não tinham tolerância e nem competência para conviver com problemas mais sérios. Acabaram por se desquitar.
O clímax da faixa cármica trouxe um princípio de solução: Félix "dopado" subiu sub- repticiamente, na carroçaria de um caminhão carregado de madeira, dormiu e caiu com o carro em velocidade, morrendo no asfalto.
Eliete havia vivido três anos de depravação e licenciosidade, e sem a companhia de Félix ficou desnorteada e foi viver com o pai. Ambos, porém, não se toleraram muito tempo e ela passou para a companhia de mãe, onde o quadro também se repetiu
. Sem saber o que fazer com Eliete enviaram-na para a Inglaterra, onde foi viver em companhia dos "hippies", durante dois anos...
saturada de tudo voltou ao Brasil e passou a perambular pelas estradas em companhia de outros jovens nas mesmas condições. Seus "habitats" eram as praias, as "caves" e os locais de iniciações misteriosas. Com isso Eliete adquiriu um conhecimento deformado do mundo espiritual e mediúnico.
Com o cérebro tomado pelas drogas, desenvolveu um mediunidade angustiada. Vivia perturbada pelos sonhos fantásticos e pela inquietação angustiosa.
Sua incerta peregrinação a trouxe para o Vale do Amanhecer em companhia dos pseudo-"hippies". A viagem na garupa de uma motocicleta foi o começo de sua redenção.
No vale ela encontrou o amor e a compreensão, a aceitação natural, a ausência da crítica e a vivência em meio ao trabalho mediúnico intenso levaram-na a encontrar uma razão para viver.
Desenvolveu sua mediunidade, entrou em contato espiritual com seus mentores, abandonou as drogas e, em pouco tempo transformou-se numa moça boa e saudável. Daí, para o caminho Crístico de amor, da tolerância e da humildade foi um passo.
Eliete é hoje uma iniciada. Voltou para o Rio mas não quis a companhia dos pais. Arrumou um emprego de balconista e vive a vida tranquila de quem sabe o próprio destino.
É, Neiva, uma história interessante. Só que não entendi uma coisa: geralmente os jovens que nos aparecem têm sua desgraça debitada aos traumas na família, pais fracassados, mães desajustadas e coisas assim. Eliete, porém, nasceu num lar feliz no qual havia amor, um padrão de vida e uma posição na sociedade. Como você explica isso ?
_ Ausência de um preparo espiritual, M[ario, falta de profundidade vivencial. Não esqueça que estamos habituados a enfrentar os problemas dos que nos procuram quando existe uma crise, uma eclosão de conflitos. Em nossa preocupação de amainar a angústia em nossa função de socorristas, não nos preocupamos em julgar, analisar e, com isso não vamos às raízes sócias, nem isso é de nossa competência. Nossa função não é controlar a sociedade mas, apenas, dar amparo aos que nos procuram.
Mas o caso de Eliete é o mesmo de molhares de jovens nos quais as funções do lar são apenas de abrigo e proteção. O lar moderno tornou-se apenas isso, é lógico, com as múltiplas e benéficas exceções. É por isto que afirmamos ser a família o maior lugar do reajuste, onde os espíritos se encontram para cobrar e pagar suas dívidas espirituais e cármicas.
A felicidade do lar tornou-se um padrão abstrato, uma espécie de representação generalizada.
Imagine, Mário, um grupo de atores teatrais que fossem obrigados a viver seus papéis 24 horas por dia, andar na rua e em todos os lugares com suas caracterizações, e você terá uma ideia do homem moderno. Papéis e mais papéis. No escritório ele é o chefe, na rua ele é o transeunte, no volante do carro ele é o motorista, no clube ele é o desportista e em casa ele é o chefe de família.
Na verdade estes papéis escondem seres angustiados, irresolvidos, despersonalizados.. O homem moderno vive a angústia da incerteza e da ausência de resposta para as interrogações básicas: " de onde vem? Para onde vai?"
_ Neiva, já discutimos isso antes. Vimos que o Mediunismo seria uma solução mas o simples fato de se falar em Mediunismo já parece fanatismo, superstição. Qual seria a mensagem que iria levar um pouco de lenitivo para tantos milhões de seres humanos? Como poderíamos atingir essas almas sofredoras?
Mário, Mário! Não se preocupe tanto com isso. Lembre-se que existe uma perfeita coordenadora nos Planos Espirituais e Deus prevê a todos as criaturas sua oportunidade. Descrevi acima um quadro de superficialidade na vida humana. Mas o Homem que está sob a máscara do ator, tem um Espírito transcendental a animar sua alma e a exigir o cumprimento das tarefas cármicas. O próprio caso de Eliete ilustra o que digo. Chegado o momento as Leis Divinas entraram em ação e o casal foi jogado no cumprimento de suas faixas cármicas, Eliete serviu como instrumento, entre a vida que eles levavam, sem dor, sem sofrimento e no sofrimento atual, eles irão encontrar o caminho de suas realizações espirituais.
_ Mas, Neiva- objetei- será que só pelo sofrimento as criaturas encontram o caminho da realização espiritual?
_ Não, Mário, não pelo sofrimento, mas sim pela dor...
Novamente é preciso que você se lembre da diferença entre uma coisa e outra. Por exemplo, nós aqui no Vale do Amanhecer padecemos muita dor, não é verdade? Mas você acha que nós sofremos?
~´E, pensando bem é isso mesmo. Eu não me julgo um sofredor e vejo poucos se queixarem aqui dentro. Entretanto, vivemos mergulhados na dor, seja dos outros, sejam as nossas. É, isso é muito bacana.
_ Mário, há outro ângulo pelo qual esse problema precisa ser examinado, que é o da realização, na faixa da personalidade. Muitas vezes o excesso de realização , muita estabilidade e segurança social leva o Espírito ao estacionamento, a interromper sua trajetória transcendental. Isso é verdadeiro até no plano físico. O ser excessivamente perfeito, animalizado, só consegue emitir na horizontal do plano físico e só recebe alimentação desse plano. Para que a pessoa se espiritualize, receba as inspirações do Céu, é necessário um certo equilíbrio entre a vida física e a espiritual. È por isso que os jejuns foram preconizados em épocas de maior religiosidade. Também na vida social, um certo "jejum" é aconselhável...
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Sobre o Blog
Blog sobre o Vale do Amanhecer, Doutrina concebida pela Espiritualidade Maior e executada por Neiva Chaves Zelaya, um Espírito de Luz Altíssima, conhecido nos Planos Superiores por Agla Koatay 108. O Vale recebe pessoas sem distinção para solução de problemas espirituais. Nada cobra de seus pacientes e nem exige frequência. Temas espirituais diversos são tratados aqui. Vicente Filgueira, Adjunto Esdalvo - Jornalista (Registro Profissional Fenaj 274/03/38§ v/DRTGo-01364-SJP)
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