Mãe Tildes, alma gêmea de Pai João de Enoque, abrigou Tia Neiva como Lídia. Em episódio anterior, Mãe Tildes já havia abrigado Mãe Zefa do Congá, muito ferida por chicote dos feitores. |
Um dia, quando estava sentada tranquilamente, fumando um cigarro de palha, foi surpreendida pela chegada de seu marido, que vinha para levá-la de volta para casa. Possuída pela raiva, Lídia pegou uma faca e a cravou violentamente no peito do marido, matando-o. Foi presa e passou um grande tempo na prisão. Cumprida a pena, Lídia voltou ao Angical, onde encontrou uma situação favorável ao início de sua missão, pois os espíritos dos inconfidentes ali estavam reunidos, como senhores de engenho e feitores, vivendo em múltiplos comprometimentos, casando e facilitando uniões com mulheres ricas, que havia sido por eles feitas viúvas, sendo em sua maioria instrumentos de seus obsessores. Enfim, homens e mulheres do passado, espíritos de Jaguares, ali aguardavam o início da missão de Lídia, para se acertarem com o cumprimento de seus carmas.
Mais uma vez o espírito de Koatay 108 descartou a missão. Passou todos os seus bens para Mãe Tildes e desapareceu, indo para a serra, onde encontrou abrigo na casa de um casal que, mais tarde, numa vida próxima, seriam os pais de Tia Neiva, deixando todos aqueles espíritos entregues à própria sorte, vivendo com dificuldades financeiras e emocionais, o que fez com que Pai Seta Branca tivesse que intervir naqueles quadros, trabalhando muito para que pudesse harmonizar o Angical. Aqueles espíritos hoje estão no Vale do Amanhecer, muitos encarnados, tentando resgatar suas faltas e se redimirem pela passagem como prisioneiros, encontrando-se ao abrigo da doutrina trazida pela mentora Tia Neiva, a Lídia do Angical.
Em 4 de fevereiro de 1983, Tia Neiva escreveu: “Hoje, prisioneiro do teu passado, em Cristo Jesus tens a certeza de seres libertado daqueles que já cumpriram o seu tempo.
Filho: não deixes esses que se dizem teus inimigos sem a tua compaixão e sem a tua piedade. Lembra-te que essa dor que esse te fez passar é uma pequena vingança em relação ao grande mal causado por ti em eras distantes, em tuas vidas passadas.
Ama com fé a esses que se dizem teus inimigos, para que não saiam simplesmente por uma emissão cabalística doutrinária, mas sim atravessando com o teu amor, para que possas, do outro lado, encontrar um bom amigo.
Ama com fé a vida, e não te esqueças que nunca deves amaldiçoar a vida e nem culpá-la nas suas horas de dores. Ela não é culpada do que sofres e nem, tampouco, benfeitora de tuas alegrias.” (Tia Neiva, 4-2-83).
Angical na história
Pesquisa: Vicente Filgueira
(Com informações da Prefeitura Municipal de Angical e de www.tabocasdobrejovelho.com.br)

Estudo bastante minucioso a respeito da vida, atividades e morte de escravos em engenhos de cana de açúcar pernambucanos (incluindo Angical) que à época pertencia a Pernambuco e não à Bahia, pode ser visto sob o título Presença marcante: Um estudo em inventários sobre os perfis dos escravos negros em Igarassu (1828 a 1877. O estudo inclui documentos da época e cita todos os nomes de engenhos e sua localização, além do nome e o preço que valia cada escravo. Autora: Edvânia Lopes Vieira, especialista em ensino de História pela UFRPE (ed-vanialopes@hotmail.com)
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